Texto e fotos: Leandro Vitorino
Tanajura durante revoada no cerrado
Para um mosqueiro que aprecia a arte do atado e que observa seu ambiente de pesca nos mínimos detalhes, acabamos querendo ir mais além daquilo que e a literatura nos oferece. Aliás, a realidade de pesca dos atadores (flytier's) europeus ou norte americanos é diferente da brasileira, principalmente quando nos remetemos ao cerrado, bioma único e exclusivamente sul americano com grande taxa de endemismo.
As espécies Cabeça de vidro e Limão são as mais encontradas no cerrado.
A tanajura é a forma alada da fêmea de saúva e o bitu é o macho. A saúva ocorre em todos os estados brasileiros, portanto não podemos deixar de direcionar nossos olhares a esse inseto importante que faz revoadas durante as primeiras chuvas do ano e que representa um apetitoso cardápio para os peixes insetívoros do Brasil. Os Brycons em geral, pacus, branquinhas, saicangas, lambaris, aruanãs e até os predadores em fase juvenil, como dourados, tabaranas e tucurarés também apreciam essa iguaria.
Observando uma revoada na beira de um rio fiquei completamente inerte ao assistir os inúmeros ataques dos peixes às tanajuras e bitús que caiam na água, por isso resolvi desenvolver a receita dessa mosca seca (dry) que já gerou inúmeras ações e capturas à equipe GO FLY, ajudando também a construir nossa identidade mosqueira. Veja como é fácil:
Material utilizado:
1- Anzol: TIEMCO #8, modelo TCM 100 - para Pirapitinga-do-sul
2- EVA: cor vinho e cor terra
3- LEGS: Roxa (medium) e marrom (fine)
4- Penas de neck ou dorso (galo índio vermelho é uma opção)
5- Fio de atado: 6/0
6- Tesoura
7- Cola de secagem rápida (Super Bonder)
PASSO A PASSO:
A) CORPO (BODY):
1- Cole 4 placas de EVA com cola de secagem rápida (Super Bonder);
A cor marrom pode ser usada para o bitú (macho) e o vinho para a tanajura (fêmea).
2- Recorte o corpo no formato da tanajura, de forma que reproduza o abdome, o tórax e a cabeça do inseto. A cabeça deverá ser mais alta, como indicado na foto, se construí-la mais baixa a mosca poderá ter a ação de um DIVER, o que não é nosso objetivo aqui;
3- O corpo da tanajura deve ter o comprimento exatamente igual ao da haste do anzol. Portanto, não exagere no abdome da tanajura, pois caso o abdome da mosca fique grande, o peixe de boca pequena não conseguirá abocanhar o abdome da mosca e o anzol ao mesmo tempo, fazendo com que o mosqueiro perca a ação do peixe;
4- Faça uma fenda na parte inferior da mosca de forma que sua profundidade atrevesse apenas uma das placas;
5- Envolva a haste do anzol com fio de atado, passe cola, encaixe imediatamente a fenda da mosca na haste do anzol e espere secar;
B- PERNAS (LEGS):
1- Passe o fio de atado entre o abdome e o tórax da mosca e fixe as pernas médias (medium legs) roxas na mosca, fixando-as uma de cada vez;
2- Siga com o fio de atado até a fenda entre o tórax e a cabeça da mosca e fixe as pernas finas (fine legs). As pernas frontais deverão ser finas, pois além de reproduzirem melhor as “antenas” da tanajura, não provoca peso excessivo na parte frontal da mosca, o que poderá comprometer sua flutuabilidade;
3- Faça um pequeno “pique” no abdome da mosca e direcione a perna traseira para trás, em seguida faça o mesmo na cabeça e direcione a perna dianteira para frente (transformando essa na “antena” da tanajura). Cole os “piques” do EVA sem que a cola encoste nas legs, pois poderá torcê-las.
4- Neste momento você poderá finalizar o fio de atado próximo ao olho do anzol, pois não mais será usado.
B) ASAS (WINGS):
1- Escolha um par de penas firmes e com poucas cerdas;
2- Transfixe o tórax da mosca com a agulha, entrando mais medialmente na região póstero-superior do tórax e partindo para a região antero-inferior mais lateralmente de onde você entrou com a agulha;
3- Em seguida passe a alma da pena dentro do olho da agulha e acabe de atravessar a agulha, assim você terá transfixado a alma da pena pelo EVA;
4- Faça o mesmo com a asa do outro lado;
5- Nesse momento, caso a pena fique torta, você poderá ajustá-la. Após o ajuste, corte o excesso da alma da pena;
6- Cole a pena no EVA;
7- Passe uma camada de cola em toda parte inferior da mosca para reforçar a sua fixação ao anzol.
Tá aí mais uma mosca seca super eficiente que com certeza o mosqueiro brasileiro não pode deixar de experimentar...
Tanajura pronta para voar. Foto: Leandro Vitorino
É uma mosca ideal para quem curte um vadeo rio acima com moscas secas. É leve, fácil ser pinchada e também pode ser usada com técnica Tenkara.
Pirapitinga e dry tanajura em ação. Fotos: Kelven Lopes
Kelven Lopes e sua Pirapitinga na Tanajura. Foto: Leandro Vitorino
Quando estiver pescando com a dry tanajura você perceberá que os ataques ocorrerão quase que exclusivamente na “bunda” (abdome), que é a parte mais apetitosa para os peixes, fato que os ribeirinhos também relatam quando pescam com tanajuras naturais.
CONSIDERAÇÕES:
Essa receita de atado da tanajura foi postada após inúmeros testes práticos com Pirapitingas-do-sul. Várias adaptações/modificações foram realizadas para chegar a conclusão de que essa era a receita próxima do ideal, mas sabemos que toda receita pode ser adaptada ou melhorada, dependendo da individualidade de cada um, principalmente se o objetivo for outra espécie de peixe.
Lembre-se: Nunca deixe a busca pelo realismo de uma mosca comprometer sua funcionalidade (Ex: flutuabilidade e equilíbrio)
Uma das possibilidades de variações:
Essa receita de atado da tanajura foi postada após inúmeros testes práticos com Pirapitingas-do-sul. Várias adaptações/modificações foram realizadas para chegar a conclusão de que essa era a receita próxima do ideal, mas sabemos que toda receita pode ser adaptada ou melhorada, dependendo da individualidade de cada um, principalmente se o objetivo for outra espécie de peixe.
Lembre-se: Nunca deixe a busca pelo realismo de uma mosca comprometer sua funcionalidade (Ex: flutuabilidade e equilíbrio)
Uma das possibilidades de variações: