domingo, 9 de setembro de 2012

Previsões entomológicas 2012 aos PIRAPITINGUEIROS

Amigos mosqueiros do cerrado,

Pirapitinga fêmea fisgada com Yellow Sally.
Recapitulando a temporada pirapitingueira 2012:
    Iniciamos na primeira quinzena de março com água relativamente clara e boas capturas, até cair a enchente de São José, que geralmente ocorre próximo ao dia 20 de março e dura apenas uma semana. Mas Jão José parecia que não ia acabar nunca...Tivemos fortes chuvas até junho...coisa que há anos não acontecia...
    Então tivemos um primeiro semestre atípico no cerrado goiano, com muitas chuvas...Se nos anos normais já tínhamos águas claras em abril, esse ano só alcançamos a transparência em junho, que por sinal veio soprando muito frio, deixando as pescarias menos produtivas.
    Há anos não me lembro de ter um inverno tão frio, mas isso já havíamos previsto...
    O ano passado tivemos fortes ondas de calor em julho e agosto entrou fervendo, mas nesse ano, só na última semana de agosto o tempo começou a esquentar...
    Por que estou falando tanto de clima?? O mosqueiro é sobretudo um observador da natureza.
   Uma passagem só para retratar: O ano passado o calor chegou mais cedo, no início de agosto já tinhamos uma boa quantidade de eclosões de stonefly (Yellow Sally), no meio do mês de agosto as eclosões haviam atingido seu pico. Já esse ano, só na última semana de agosto que tivemos um aumento das eclosões, que devem se intensificar agora em setembro.

Rogério Batista ("Jamanta"), lança sua Yellow Sally no corredor de alimentação e faz uma bela captura.
Pirapitinga colocando nosso amigo Klaus pra correr
Klaus, dominando a luta.
    Para o pirapitingueiro do cerrado goiano aqui vão nossas previsões entomológicas para esse segundo semestre:
1- Pico de eclosões de Stonefly (Yellow Sally): Elas eclodem o ano inteiro, mas seu pico deve ocorrer em setembro e outubro, meses quentes e secos. Em águas claras, essa mosca é fatal, caindo sua produtividade em águas turvas.

Ninfa de Yellow Sally (Stonefly). Foto: Leandro Vitorino

Não subestime a pirapitinga pelo tamanho. Prefira anzois de haste 2xl ou 3 xl. Atualmente uso tippet 0,24 mm

2- Revoadas de saúva (tanajuras - fêmea- e bitú - macho): devem ocorrer entre os dias 20 de outubro e dia 20 de novembro (início das chuvas), ocilando dentro desse período dependendo da região. Essa revoada é curta pois cada sauveiro costuma apresentar apenas uma revoada, mas é a que mais fornece alimento às pirapitingas no momento pré-desova. Considero essa mosca a mais produtiva de todas e é a melhor terrestrial para águas turvas.

3- Revoadas de aleluias (cupíns): Deve ter seu início dia 10 de outubro e durar até dia 20 de dezembro. Essa revoada ocorre num período mais longo que as de saúva, pois no caso das alelúias, o mesmo cupinzeiro pode apresentar várias revoadas.

4- Pico de desova dos gafanhotos, grilos e esperanças: Aqui no cerrado goiano, o pico de desova ocorre em dezembro e vai até fevereiro. Como as ninfas de gafanhotos só estarão com asas mais bem formadas em março, aí que vimos uma maior presença de gafanhotos voando.
    Nesse atual momento, está ocorrendo várias queimadas no cerrado, inclusive uma na área do nosso projeto. Durante as queimadas ocorre uma enorme revoada de insetos, sendo que muitos desses vão parar dentro dos rios. A princípio não é ruim aos peixes... Quando vem as primeiras  chuvas fortes, essas cinzas são lavadas até o leito dos rios, ocorrendo assim a DEQUADA. Vários peixes de fundo morrerão, como mocinhas, cascudos, canivetes e bagres, não temos perdas significativas de pirapitingas, mas ela simplesmente não come no ambiente em dequada. Essa é a face ruim da dequada. Mas após reestabelecer o equilíbrio da água, essa matéria orgânica, que a princípio era maléfica, fornece uma imensa quantidade de nutrientes aos ambientes oligotróficos do cerrado. Fazendo alargar novamente todos os níveis da cadeia alimentar. 
A ictiofauna é beneficiada, dessa forma, num segundo tempo...

Queimada dentro do projeto (Agosto de 2012). Previsão de dequada para outubro de 2012. Foto: Leandro Vitorino

Outras dicas de vadeio:

Dê preferência em subir o rio sempre que as condições forem adequadas (água clara, rio de pequeno porte e peixe ativo na superfície):


Não incista no false cast quando a estrutura ao redor não permitir. Abuse do roll cast:


Mantenham a linha esticada enquanto a mosca deriva, em alerta ao ataque na superfície:

Façam uma fisgada correta, na hora certa e certeira:


Façam um bom domínio da situação. Trabalhem com a vara em 45 graus, e aumente um pouco o ângulo da vara a medida que o peixe se aproximar, mas sem exageiros, para não forçar a ponta da vara:


Manipulem corretamente o peixe:

Manipule o peixe sempre abaixado, próximo à agua, evitando machucá-lo em caso de queda. É possível fazer uma boa foto sem agredir o peixe. Foto: Luiza Castro

Infelizmente estou com problemas no meu CP e não pude postar as todas as fotos, me desculpem, mas vou tentando!
Grande abraço!
Leandro Vitorino