sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

ANO NOVO NO SERTÃO

    Fotos: Arquivo GO FLY
    Começamos nossa despedida de ano agradecendo o carinho de todos nossos visitantes, amigos e parceiros de 2011, esperando que em 2012 possamos dar passos mais largos e seguros.

    Acredito que nosso objetivo tenha sido alcançado durante os meses passados. Pescamos muito, aprendemos bastante e fortificamos grandes amizades.

GO FLY em feira de pesca em Goiânia

    Um dos maiores enigmas da vida talvez seja a identidade brasileira, ainda mais no mundo de hoje, globalizado, onde as influencias vem de todos os cantos do planeta. Quando a desvendamos passamos a valorizar mais nossos recursos naturais. Não fechamos os olhos aos que podem nos influenciar, mas sempre filtramos e incorporamos aquilo que será saudável a nós.

    Encontro com convidados e associados da ANEPE
    A nossa tradicional clínica de fly em março abre a temporada de vadeio em Goiás, e foi excepcional, recebemos amigos de vários cantos do Centro-Oeste. Encontro fundamental ao mosqueiro de nossa região, que funde técnica, amizade e consciência ambiental. Aguardem nosso próximo encontro.
    Fizemos incríveis vadeos com a participação do Alencar, Kensuke, Kelven, Rafa, Hugo, Renato, Oscar Junior, Luis e Ney. Capturamos belas pirapitingas em bons momentos de amizade em belos cenários rupestres do cerrado.
Curso no RS com Beto Vaucher, apoio Fly dos Pampas (lauro Neto)
Rogério (Jamanta), Leandro e Ricardo Becker (guia em Lages-SC)
    No segundo semestre, depois de dois meses fora de Goiás, retorno ao aconchego do lar, trazendo boas experiências e novos amigos no peito. Tudo foi muito bom: pescar e mergulhar no Paranazão, visitar meu velho amigo Rio Grande, pescar trutas selvagens com o Jamanta em Santa Catarina, além de conhecer os amigos do Sul, como o Jorge Pozobon, Beto Vaucher e o Lauro Neto com o curso de arremesso de pesca com mosca. A visita ao atador profissional Jorge Abdul que nos demonstrou habilidade e carisma também nos deu ótimas idéias.

    A pesca no Paranazão argentino foi outro clímax...

Amigos brasileiros em Ita Ibaté (Argentina)
    Piapara na "rodadinha" no Paranazão
    É nesse momento de retrospectiva que reflito sobre as maravilhas que a vida nos presenteia. Com o pensamento sereno, cada vez mais tenho certeza de que tudo na vida tem um sentido lógico que nos faz crescer e evoluir espiritualmente. Quando essa maturação se dá com felicidade e sem prejuízo ao próximo ou à natureza geramos um equilíbrio harmônico com tudo que nos cerca.

    Por do sol no Rio Grande (MG/SP)

    Tudo isso é muito bom, é como voltar pra casa com a tranqüilidade do dever cumprido.
    Tucunarés, dourados, trutas, piracanjubas, lambaris e pirapitingas; todos estes astros nos trouxeram muitas emoções e ensinamentos. Mas, acho que todo pescador tem uma queda pessoal por alguma espécie ou estilo de pesca e se for para ser assim, declaro uma preferência pela Pirapitinga. Não sei dizer se é a paisagem do cerrado que enaltece nosso ambiente de pesca, se é as águas cristalinas, se é o grau de ameaça do peixe ou a sua dificuldade de captura que me trouxe a esse peixe tão cheio de manhas. O vadeio rio acima casteando terrestriais que sofrem ataques fulminantes logo que é apresentada também é um dos motivos. Acredito que a causa desse envolvimento é multifatorial, mas que certamente nos torna apaixonados por essa espécie. Foi com esse peixe que me encontrei como mosqueiro e foi em seu habitat natural que senti a maior paz espiritual que já havia sentido. Uma paz que acalma e amansa o ser como um todo, dando energia e inspiração para todas as atividades que praticamos na vida, seja no aspecto profissional, familiar ou sentimental. É um verdadeiro encontro com o "eu", que funde todos nossos personagens em um só.

     Rafa em ação com as voadeiras (Brycon sp.)
    Encontramos boas populações desse peixe em alguns paraísos preservados e percebemos o quanto a pirapitinga é sensível á alterações do ecossistema. Pois um mínimo desequilíbrio é suficiente para exterminá-la de uma área de ocorrência. Por isso, hoje percebemos que a pesca da pirapitinga, mesmo sendo praticada esportivamente, pode ser danosa a espécie, concluímos isso após quatro anos de muitas expedições, pesquisa e observação, com mais de 400 peixes capturados, medidos, fotografados e soltos. Construimos gráficos importantes sobre a espécie como nenhum outro estudo já havia feito.
    Em 2011 o Projeto "sangrou" mais uma vez: nossas áreas de proteção foram invadidas, cercas foram arrebentadas, placas do projeto foram arrancadas e arremessadas ao rio. Mesmo após anos de trabalho de conscientização. Tudo porque em nosso trabalho acabamos divulgando locais e sinalizando-os com placas, o que atraiu o maior, mais inteligente e poderoso dos predadores. Predador que sabe ler, escrever, pescar e matar se divertindo. Uns até mandaram agradecer as placas que eu coloquei... O que esperar do ser humano?...não sei, o que esperar do governo?...não sei, sinto muito, não sei...
    Biólogo Oscar Vitorino analisa uma das matrizes dentro das áreas do Projeto Pirapitinga
A natureza, quando não agredida, confia no homem 
    O Projeto Pirapitinga não tem a intenção de popularizar a pesca da espécie, apenas usamos a pesca com mosca como metodologia para pesquisarmos mais a fundo esse peixe pouco estudado, para que possamos abrir os olhos das pessoas e autoridades quanto ao grau de ameaça do peixe. Suplicamos aos pescadores que tem acesso a esse peixe para que o protejam, não pelo seu potencial na pesca esportiva, mas para que essa espécie tenha o seu direito universal: a existência de sua espécie.

    Voltamos as nossas aventuras...

    Nesse ano tivemos fortes ondas de calor no inverno e a primavera chegou mais cedo em Goiás. As revoadas de tanajuras “estouraram mais cedo”, exatamente 30 dias antes em relação ao ano anterior, talvez por influencia do aquecimento global ou por simples obra do acaso.
    Infelizmente estava fora e não pude aproveitar a oportunidade de pescar durante as revoadas. Mas, deixemos de lado nossos anseios, pois novas primaveras virão para nos alegrar e fortalecer nossos laços de amizade onde vadeiam dois irmãos em Dois irmãos.
    Programa Trilhas da Pesca gravando com GO FLY
    Nossos sinceros agradecimentos a todos que tem nos visitado e que postam seus comentários em nossas páginas e aos que, como nós, lutam pela preservação de nossos ecossistemas.

    A busca por nossa identidade passa por momentos de auto-reflexão em que olhamos uns para os outros e caminhamos juntos na mesma direção. Talvez seja esse um bom começo para estimular ainda mais nosso progresso e união.

    Seja sempre bem vindo a nossa casa!

    Feliz ANO NOVO!!!

    GO FLY
Aguardem: em 2012 grandes aventuras...
Foto-sub: Leandro Vitorino