Texto: Leandro Vitorino
Fotos: Arquivo GO FLY
PICOS DE
ECLOSÃO (MAYFLY, DOBSONFLY E STONEFLY):
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Mayfly do Paiol Velho |
Em setembro
assistimos a um grande pico de eclosão de Mayfly (Siriruia),
junto a um “tímido” pico de Stoneflies. Identificamos uma espécie de Mayfly
diferente das que já conhecíamos, desta vez estávamos diante de uma Mayfly bem
maior. As mayflies eclodem derivando na superfície da água, enquanto as Stones,
as Dragonflies (libélula) e as Damselflies (donzelinha) escalam em alguma
estrutura na beira do rio para eclodirem.
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Exoesqueleto de stonefly (Yellow Sally) |
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Stone adulta (Yellow Sally)
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Yellow Sally GO FLY |
As Mayflies
possuem em seu ciclo de vida uma passagem muito efêmera pela fase terrestre,
durando algumas vezes apenas 24 horas, morrem logo após a postura dos ovos na
água, por isso são classificadas como efemerópteras. Este ano tive a oportunidade
de fazer um vadeo um dia após um Hatch de Mayfly num rio do cerrado, o legal é
que ao mesmo tempo em que víamos exoesqueleto das ninfas que eclodiram no dia
anterior, também víamos corpos das adultas que postaram seus ovos naquele dia.
As explosões das pirapitingas na superfície eram constantes.
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Libélula (Dragonfly) recém eclodida. Foto: Leandro Vitorino |
Enquanto as
dobsonflies, nunca havia visto um pico de eclosão tão grande, realmente tivemos
muita sorte de ver algo tão inusitado.
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Ninfa de Dobson (Hellgramitte). Foto: Leandro Vitorino |
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Estojo de Siriruia (efemeroptera) após eclosão. Foto: Leandro |
REVODAS DE CIGARRINHAS DAS PASTAGENS:
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Cigarrinhas brancas. Foto: Martinelli |
Durante dois
meses (setembro e outubro) tivemos uma imensa revoada de cigarrinhas brancas, diariamente
elas encantavam nosso sertão. Foi a maior revoada dessa espécie que eu me
lembro. Também fizemos um vadeo em plena revoada dessas cigarras, foi uma
experiência bem produtiva. Naquele dia, mais de 20 pirapitingas foram fisgadas,
soltas e catalogadas em nosso projeto.
GAFANHOTOS (Grasshopper), GRILOS (Cricket) E ESPERANÇAS:
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Casal de tucurões. Foto: Leandro Vitorino |
Os gafanhotos
estão presentes o ano inteiro e se reproduzem o ano inteiro, mas seu pico de
desova ocorre de dezembro à fevereiro, quando a vegetação está mais verde.
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Ninfas de gafanhotos. Foto: Leandro Vitorino |
Existem
dois momentos em que notamos uma maior movimentação dos gafanhotos aqui no
cerrado: uma em março, quando a maioria das ninfas de gafanhotos já criaram
asas e começam a voar; a outra ocorre nos meses secos e quentes (agosto,
setembro e outubro), em que a sequidão da vegetação obriga os gafanhotos a se
movimentarem mais, a procura de folhas comestíveis, uma vez que são
exclusivamente herbívoros. Nas áreas de pesquisa do projeto, não observamos
grandes revoadas alimentares desses insetos, com prejuízo econômico às
lavouras, provavelmente porque nessas áreas não possui um desequilíbrio ecológico
tão notável. Aqui no cerrado já fotografei mais de trinta espécies de grilos,
gafanhotos e esperanças. Segue uma pequena amostra (fotos: Leandro Vitorino):
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Tucurão |
REVOADAS DE
CUPINS:
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Cupinzeiro maduro |
As aleluias,
forma alada dos cupins, inauguram as primeiras revoadas do período chuvoso. Logo
nas primeiras pancadas de chuvas de outubro já notamos sua presença. Grande
parte do cerrado possui um solo ligeiramente ácido, o que propicia a desenvolvimento
dos cupins, por isso observamos inúmeros cupinzeiros nesse bioma.
A GRANDE
REVOADA: SAÚVAS (TANAJURAS E BITÚS):
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Sauveiro maduro |
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Bitu à beira do rio. Foto: Leandro Vitorino |
Em 2010 essa
revoada se iniciou no dia 15 de outubro, em 2011 no dia 10 de novembro e agora
nesse ano (2012) ela iniciou ontem (02 de novembro).
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Bitu à deriva. Sinal de muitos ataques na superfície. Foto: Leandro Vitorino |
Ontem, após uma
chuva, o forte odor de ácido fórmico pairando no ar não deixou dúvidas:
iniciavam-se as primeiras revoadas de saúvas no centro-oeste brasileiro do ano
de 2012. Essas primeiras revoadas partem de sauveiros já maduros, mas os que
ainda estão para amadurecer ainda revoarão até aproximadamente 20 de novembro
aqui em Goiás. A estratégia de revoar após as chuvas não é mera coincidência,
pois as tanajuras dependem de um solo mais “amolecido” para cavar os seus túneis.
Após o acasalamento os bitus (machos) morrem, enquanto as tanajuras (fêmeas)
perdem suas asas e perfuram seus túneis. Lá no fundo, elas farão a postura dos
ovos e uma nova colônia nascerá.
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Saúvas no trabalho. |
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Tanajura cavando seu túnel. Foto: Leandro Vitorino |
A revoada de
saúva, indubitavelmente, é o principal fornecedor de alimento para as
pirapitingas no período pré-desova. As tanajuras e bitus nutrem as pirapitingas
com uma grande quantidade de proteína e demais nutrientes, justamente no
período em que mais necessitam. Nessa fase, a pirapitinga está em alto
metabolismo celular, maturando seus ovócitos e espermatozoides. As primeiras
chuvas, juntamente com a revoada das saúvas, são o “tiro de largada” para a "piracema" das pirapitingas. Apesar de ainda não estar bem definido se a
pirapitinga é um peixe de piracema ou não, sabemos que elas fazem pequenas subidas
de migrações para desovar.
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Tanajura GO FLY |
ATENÇÃO MOSQUEIROS DO CERRADO!:
A desova da
pirapitinga ocorre principalmente no final de novembro e começo de dezembro.
Cuidado com o vadeo! A pirapitinga desova em águas rasas e possui ovos grandes,
fácil de pisar e serem destruídos. Respeitem o período de defeso! Ano que vem
tem mais se vocês assim permitirem!
FOTOS DO ÚLTIMO VADEO DE 2012 (fotos: Luiza Dornfeld):
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Ariramba. |
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Saída de água (saia do poço) também é um bom local de apresentação. |
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Trazer o peixe para fora do poço onde fez a captura é uma ótima estratégia para uma segunda captura no mesmo poço. |
Att,
Leandro
Vitorino