segunda-feira, 23 de março de 2020

11 ANOS DE GO FLY... A QUE FOMOS CHAMADOS.


TEXTOS E FOTOS: ARQUIVO GO FLY (DESDE 2009)



Pelos anos seguintes, sempre que ouvir falar de GO FLY, não tenha a ideia superficial de que se tratou apenas de um grupo de mosqueiros do cerrado, ou simplesmente de um blog em que figurava uma coletânea de fotos e histórias. Claro que, em parte, também somos isso, mas não é só isso que nos representa em completude.



 O GO FLY, na sua essência, trata-se de um sentimento amigo, uma inspiração que toca o ser em seu íntimo e que imediatamente encandece sua alma, injetando em suas veias uma dose cavalar de motivação desbravadora dos ambientes naturais e do reencontro com o seu “Eu” do presente e do passado.



Sobre esse sentimento, uma forte ideia nos intuía:
“Despertará o espírito destemido que está adormecido, mexerá nas entranhas, aguçará os miolos, abrirá os olhos e dilatará os pulmões, inquietando a mente em busca de grandiosas descobertas. Suas ferramentas, que um dia foram bateias, picaretas, espingardas e facões, que tanto lhe calejaram as mãos, serão substituídas por equipamentos de mergulho, pesca com mosca e máquinas fotográficas... Suas armas agora serão apenas seu faro e seu olhar atento, que, com o filtro do bom senso, ampliará sua percepção de mundo.  Para quem deseja examinar as obras de Deus, será colocada uma espécie de armadura, que não necessariamente o protegerá fisicamente, mas que elevará o limiar de dor e o grau de tolerância, para que um simples corte, pancada ou queda não o subjugue ou o faça desistir. Seguindo sempre em frente, sem reclamar das dificuldades perante as provas colocadas em seu caminho, com o propósito de amadurecimento individual e coletivo.   



Inúmeras vezes cairá, em algumas sangrará, irá perder as unhas dos pés, irá respirar poeira, se encharcará de suor, tomará picadas de marimbondos e borrachudos... Será infestado por micuins... Deverá desviar-se de peçonhas e não provocará o ataque das feras... Terá câimbras, esgotará o seu físico até fadigar a sua última célula e mesmo assim, ainda encontrará forças para amparar seu companheiro... Mas quando a noite chegar, dormirá o sono calmo dos vitoriosos e justos... E acordando, terá músculos e ossos doloridos, mas se felicitará quando perceber no que se transformou. Saberá que tudo isso o lapidou, fortificando seu corpo e espírito... Terá histórias a contar aos amigos, filhos e netos... Experimentará a natureza em sua forma mais pura e selvagem... Será humilde perante o criador... Terá serenidade no olhar e benevolência para com os aflitos... Não será abalado pelas ofensas alheias... Respeitará as diversidades de pensamento dos seus irmãos... Terá contentamento em compartilhar o seu conhecimento... Sua alegria se multiplicará ao assistir a evolução e a felicidade do próximo...”.
Essa é a profecia dos desbravadores revividos, dos mosqueiros do sertão, que será contada e lembrada pelos longos séculos da humanidade.  
 E sempre que um de nós pensarmos nisso, esteja onde estiver, novamente seremos atraídos por uma força maior que reacenderá o desejo de romper os grotões e chapadões pelos confins do cerrado, o bioma mais antigo do planeta Terra. Nessas inesquecíveis experiências, inúmeros conhecimentos serão fundidos em sua bagagem: técnicas mosqueiras, fotográficas, de escalada e mergulho, reconhecimento de flora e fauna que voa, anda, rasteja, pula e nada.
O respeito e admiração pelo mateiro sertanejo se elevarão, por reconhecer que aquelas singelas palavras, carregam um inestimável patrimônio intelectual, capazes de desvendar a fundo os fenômenos da natureza. Saberá que aquele linguajar matuto, revelado nas lendas, contos e cantigas, é guardião de uma cultura enobrecedora que em parte já fora  esquecida pelos homens.
Impressionados ficamos ao assuntarmos as histórias desses antigos desbravadores do grande sertão cerrado. Eram tempos de lutas e descobertas pelos rincões do Brasil. Eram tempos de suor, sangue e glórias. Pelos boqueirões sem fim, esturravam temidas feras, pintadas e negras como a noite sem luar. Com os olhos rasos d’água, relembram a perda de entes queridos que foram ofendidos por serpentes venenosas que decretavam a sua morte pela falta de recursos medicinais. Criavam seus filhos com simplicidade, amor e religiosidade, sem esquecer-se de molda-los à rustidez a que o cerrado exigia.
Esplendorosos rios de águas cristalinas escondiam em seus leitos e barrancos veias de ouro, diamantes e esmeraldas. Foram tempos de nascer, lutar e morrer...  E renascendo aqui estamos novamente.
Como filho e amante do cerrado, renovo-me com o desejo de nunca abandonar essas serras que tanto já me trouxeram alegrias, conhecimentos e aventuras inenarráveis que se encontram imortalizadas na memória. Jamais esquecerei suas veredas, as paisagens rupestres e seus lindos campos, onde brotam chuveirinhos e outras centenas de qualidades de flores, salpicadas por entre as coloridas quaresmeiras... Não deixarei de ver a florada das sucupiras, dos ipês roxos e amarelos... Não deixarei de sentir o cheiro do orvalho que escorre da flor do pequi... Seria impossível esquecer os sabores das cagaitas, gabirobas, marmelos e pitangas nativas dessa terra, que tanto provamos em nossas longínquas caminhadas... Quando for coletar cajuzinho, deixarei alguns para o lobo-guará... Quando chegar a primavera, não deixarei de ouvir o canto do soldadinho ecoando pelos verdes vales... Não deixarei de me embrenhar no mato para avistar o tímido e exuberante uirapuru-laranja... Nas margens dos rios, continuarei a dividir minhas pegadas com as antas, pacas e onças... Não deixarei de escutar a explosão frenética das pirapitingas durante as revoadas de aleluias e tanajuras... Ah, se aquelas cascatas, cachoeiras, e paredões, onde repousam as orquídeas, soubessem o quanto já encantaram meus olhos e fizeram os meus dias mais felizes, e, mesmo sem saber, abasteciam-me com seu inesgotável combustível energético que me deram forças para prosseguir nos embates da vida.
Meu querido Pireneus, tu que me abraçaste com os braços largos desses chapadões, tu que me cobriste com seu manto verde, tu que me consolaste com o canto dos pássaros, sempre encontrarás, dentro de ti, um filho teu, alguém que honrarás suas ricas heranças que caridosamente nos concedera, um companheiro que escutará atenciosamente seus causos sob um incomparável luar do sertão, mãos amigas que enxugará seu suor e seu triste pranto, com tuas lágrimas tingidas de poeira.
Quando as vistas já estiverem cansadas, o corpo perecido pelo tempo, marcado pela coleção de cicatrizes, com muita nostalgia me recordarei: “Meus amigos, foi um grande prazer poder dividir essas águas com vocês! Cumprimos a nossa missão!”.


VISITA DO NOSSO AMIGO VICTOR:




VISITA DO NOSSO AMIGO BETINHO:


 



































































CURSO E VISITA DO NOSSO AMIGO GERSON KAWAMOTO :






















































VISITA DO NOSSO AMIGO KID OCELOS:








































AMIGOS GO FLY:






















































































































LAMBARI-LARGO, O MAIOR DOS LAMBARIS:











TARPON EM RECIFE:












FLY-DIVING TUCUNA:











OBRIGADO A TODOS!