TEXTO: Leandro Vitorino
FOTOS: Arquivo GO FLY
|
Leandro Vitorino e um belo Tucunaré azulão, fisgado com vara #4, na mosca, e com os pés na água. Foto: Luiza Dornfeld. |
Há cinco décadas,
a pesca com mosca de vadeo, ou pescar caminhando, era uma prática quase que exclusiva
da pesca das trutas e de algumas outras poucas espécies, mesmo porque, nessa
época, o fly ainda era uma modalidade “embrionária” no Brasil.
|
"Filhoteira de azulão". Foto: Leandro Vitorino |
|
Fêmea de azul cuidando sozinha de sua prole, provavelmente o macho foi vítima de pescadores ou caçadores-sub. Foto: Leandro Vitorino. |
|
Foto: Leandro Vitorino |
A chegada da
pesca com mosca no Brasil foi um desembarque no paraíso dos peixes esportivos,
abrindo um gigantesco leque de opções para se praticar, remodelar e descobrir
novas maneiras para que o flyfishing fosse mais bem aproveitado para cada
espécie e situação de pesca aqui presente. Nossos primeiros mosqueiros logo já
foram descobrindo o grande potencial mosqueiro de nossas espécies. Trutas introduzidas
nos rios de montanhas e lambaris talvez tenham sido os primeiros alvos desses
mosqueiros, mas não tardou para experimentarem outras espécies tupiniquins,
entre elas os afamados tucunarés, já que cada vez mais essa espécie se
popularizava na pesca esportiva.
|
Macho de tucunaré azul no inicio do amadurecimento sexual. Foto: Leandro Vitorino. |
|
Foto: Leandro Vitorino. |
|
Foto: Leandro Vitorino. |
|
Sérgio na labuta com um azul de respeito no Rio Grande. Foto: Leandro Vitorino. |
|
Foto: Leandro Vitorino. |
|
A pesca de vadeo dentro da água evita os impactos do peixe na embarcação e no barranco, liberando o peixe de forma mais saudável. Foto: Leandro Vitorino. |
|
Sérgio e seu belo azul. Foto: Leandro Vitorino. |
|
Soltura saudável. Foto: Leandro Vitorino. |
A
popularização do tucunaré azul (C. piquiti) e amarelo (C.
Kelberi) pelo país ocorreu em consequência da expansão do número de
represas hidroelétricas, principalmente nas regiões centro-oeste e sudeste,
onde estas espécies foram introduzidas, encontrando clima e ambiente propício.
Além disso, essas regiões estão numa localização de boa acessibilidade para
muitos brasileiros. A região sul, pelo seu clima mais frio, os tucunarés não se
reproduziram de forma tão significativa. Mais recentemente, na última década, o
nordeste também entrou na “febre dos tucunarés”, também embalados pelas jovens
represas de clima tropical, onde os tucunarés pinimas e amarelos tornaram-se as
estrelas nordestinas.
|
Irerês. Foto: Leandro Vitorino. |
|
Marreca-cabocla. Foto: Leandro Vitorino. |
|
Garça-branca, companhia nas beiradas das represas. Foto: Leandro Vitorino. |
|
Garça-boieira. Foto: Leandro Vitorino. |
|
Marreca Irerê. Foto: Leandro Vitorino. |
|
Pernilongo à esquerda e cabeça-seca à direita. Foto: Leandro Vitorino. |
|
Jaçanã macho. Foto: Leandro Vitorino. |
|
Uma das ilhas do Rio Grande. Foto: Leandro Vitorino. |
Independente
da modalidade, o tucunaré azul talvez seja a espécie mais pescada
esportivamente no Brasil, tratando-se de águas interiores. Nesse grande
universo, desenvolveram-se inúmeras embarcações voltadas para a pesca: lanchas e
caiaques foram as principais. Apesar disso, o pescar caminhando nunca se desligou do pescador,
mesmo do mais moderno, seja pelo prazer de se pescar curtindo a água aos pés,
assimilando todo conhecimento da natureza que é oferecido nesse estilo, seja pelos instintos mais antigos do homem em seus primórdios.
|
Foto: Leandro Vitorino. |
|
Foto: Leandro Vitorino. |
|
Macho de tucuna amarelo. Foto: Leandro Vitorino. |
|
Tucunarés amarelos machos em fase de acasalamento. Foto: Leandro Vitorino. |
|
Machos de tucuna amarelo à frente e macho de tilápia nilótica ao fundo. Foto: Leandro Vitorino. |
Observando toda imensidão de água das
represas hidroelétricas, parece impossível imaginar que uma pesca desembarcada possa
aproveitar todo o potencial do local. De fato, a pesca desembarcada tem suas
limitações, seja pela menor área de ação do pescador e pelo desgaste físico,
por isso é necessário ter aptidão e saber escolher o local mais propício e produtivo para
pratica-la. Mas também tem como opção o mosqueiro fazer alguns pontos
embarcados e os mais viáveis para o vadeo ele pescar caminhando.
Não tenho
dúvida que naqueles locais onde “moram” aqueles azulões “super-velhacos” o fly
no vadeo faz toda a diferença. Nesses locais, alguns peixes parecem já conhecer
o barulho dos motores de popa e elétrico, já os associando ao perigo. Visto que
muitas vezes que estou vadeando por alguns locais passam embarcações com motor
elétrico e batendo isca pra todo lado e nada de peixe... e no mesmo local,
aproximando-se caminhando sem chamar a atenção, talvez a sorte do pescador
seria outra. Isso ocorre porque o vadeo quase não abala a sensação de segurança
dos peixes: os casais de azulões são mais desconfiados, mas quando aproximamos
de um cardume a farra é garantida.
|
Serra da Mesa em 2016 passa por uma forte seca. Pescar nesses "paliteiros" exige capricho nos arremessos. Foto: Kenji. |
|
Vadeo na Serra da Mesa. Foto: Kenji. |
|
Fim de tarde na Serra da Mesa curtindo um vadeo. Foto: Kenji. |
|
Kenji e seu forte azulão da Serra da Mesa, tirado do meio das pauleiras. Foto: Vinícius Pontes. |
Em alguns
locais selecionados, como pontais com áreas espraiadas que permitem a caminhada
pela água, cobrimos uma boa área com nossas moscas, e aquele azulão que parecia
ignorar toda e qualquer isca da pesca embarcada, poderá, com uma chance maior,
partir embalado para abocanhar a mosca do pescador desembarcado. Os poucos ruídos e o fator surpresa do vadeo associado a um bom arremesso e uma mosca bem
trabalhada vão somar os elementos positivos para que o
mosqueiro obtenha sucesso no vadeo de azulões. Mesmo com toda essa afiação, acertar um azulão não é fácil, mas com técnica e persistência ele sai.
|
Capinzais submersos nas margens são ótimos locais de caça para os tucunarés. Foto: Leandro Vitorino. |
|
Verdadeiros labirintos de caça para os tucunas. Foto: Leandro Vitorino. |
|
Azulão fisgado no andino durante o vadeo. Foto: Leonardo Barbosa. |
|
Forte azulão da Volta Grande. Foto: Leonardo Barbosa. |
Nas regiões
sudeste e centro-oeste, o tucunaré amarelo fica no raso praticamente o ano
inteiro, mas os azulões são mais “nômades”, vagando mais pela represa e ficando no fundo, só costumando elevar sua frequência
nas rasuras na primavera e verão, entre agosto à março. Nessa época, a água
esquenta, elevando seu metabolismo, deixando-os mais ativos para a alimentação
e consequentemente propiciando melhores condições de reprodução. Nesses meses,
os cardumes de jovens tucunarés se tornam mais vorazes, os casais de azulões
intensificam seu territorialismo, principalmente se estiver defendendo seus
ninhos ou prole.
|
Troncos semi-submersos em áreas espraiadas são excelentes pontos para abordagem no vadeo. Foto: Leandro Vitorino. |
|
Foto: Luiza Dornfeld. |
As águas
claras desse jardim submerso de plantas com temperaturas agradáveis para a
pesca de vadeo se torna um ambiente bem convidativo a essa pratica.
|
Alodea ou rabo-de-gato, bastante comuns nas represas do sudeste, servem como locais de refúgio e desova para camarões e pequenos peixes forrageiros. |
|
Tucunão azul fisgado no gafanhoto GO FLY, sendo trabalhado como popper. Foto: Luiza Dornfeld. |
|
Leandro e seu azulão no vadeo, "gafanhotando" na vara #4. Foto: Luiza Dornfeld. |
|
Azulão no gafanhotão. Foto: Luiza Dornfeld. |
No fim de
tarde, os cardumes encostam ainda mais nas margens, abrindo uma janela de
oportunidade ao mosqueiro curtir um verdadeiro frenesi de ataques a sua mosca,
e pra brindar a sua satisfação de se sentir pescado, o por do sol revela-se com
as cores mais bonitas do pincel divino. Junto a esse visual, notasse a mudança
do aroma, com um cheiro de vegetação úmida levemente adocicada. Momento de
calmaria que agrada o espirito mosqueiro em elevada profundidade.
|
Incrível tomada de um azulão, chegou até me lembrar os açús amazônicos. Foto: Leandro Vitorino. |
|
Leandro Vitorino e o sonhado azulão. Foto: Luiza Dornfeld. |
|
Tucunaré "Azulão" de 63 cm e 4,3 kg de pura força e beleza. Foto: Luiza Dornfeld. |
Enquanto as
garças dão meia volta e se aprumam nas margens, o fim de tarde ainda pode nos
render um azulão dos sonhos, pois é nesse horário que eles ficam ainda mais
territoriais, escolhendo seu tronco que irá repousar a noite. Passar a mosca
nas estruturas de “dormitório” é um verdadeiro afronto a sua autoridade. Os
azulões do sudeste são mais tímidos e não se apresentam tanto na superfície,
algumas vezes apenas seguem a mosca, às vezes é possível ver aquela enorme
marola perseguindo da mosca, e quando decidem tomar a mosca não costumam
estourar. Pela tomada da mosca, parece ser só mais um tucuna qualquer, mas na
bruta arrancada passamos a elevar o respeito pela “encrenca” que está do outro
lado da linha. Depois da vigorosa batalha, encosta aquele azulão “parrudo”,
“quadrado” ... um azul anil intensificado pela primavera reprodutiva... paro
aqui a descrição do momento, pois são atos para serem curtidos e impossível de
serem descritos na íntegra, tamanha a emoção envolvida. Só nos resta registrar
uma foto e devolver o imponente azulão as águas de seu domínio.
|
Dizer mais o quê depois de já se sentir pescado? Foto: Leandro Vitorino. |
Deixo como
mensagem nessa matéria a importância de se preservar nossos azulões e meu
estímulo aos mosqueiros a praticar a pesca de vadeo sempre que possível,
independente da espécie, pois realmente é bem emocionante e saudável.
EQUIPAMENTOS:
VARAS:
No vadeo de
tucunas costumo usar equipos mais leves do que da pesca embarcada. Tenho
costume de usar equipamentos de #4 a #7 no sudeste, pontualmente, recomendo um
#6 pro vadeo e pra pesca embarcada de #6 a #8. As varas de ação rápida entre
8’a 9’de comprimento são as que mais me sinto confortável em utilizar.
LINHAS E
LEADERES:
Uso apenas linhas WF – flutuantes com leaderes
entre 1,8 a 2,5 metros, dependendo do tamanho da mosca e condições de vento,
sendo: streamers menores = leader maior ou streamers maiores = leaderes mais
curtos. Faço leaders compostos por 3 partes: 0,50 mm + 0,40 mm + 0,30 mm
(tippet). Pra Serra da Mesa e Lago Angigal recomenda-se leaderes de duas partes,
com tippet 0,40 mm. Caso utilize streamers pequenos, pode-se prolongar o leader
para 2,5 metros e testar seu equilíbrio no arremesso. Para se aventurar em usar leaderes mais longos a técnica do arremesso deve estar bem apurada.
MOSCAS:
|
Minhas moscas preferidas pro vadeo de tucunas: leves e eficientes. Foto: Leandro Vitorino. |
Os streamers
já se consagraram como a mosca mais utilizada para os tucunarés, pois elas
imitam de forma genérica os peixes forrageiros do qual os tucunarés se
alimentam. Mas, como um predador oportunista que é, os tucunas não dispensam uma
terrestrial passando pelo seu território.
|
Andino deceiver com cabeça muddler na coloração que tenho maior afinidade. Foto: Leandro Vitorino. |
Os streamers
de minha preferencia pessoal são os pequenos andinos de cores mais claras e os
minnows de fibras sintéticas, também de cores claras e brilho. Vejo relatos de
vários mosqueiros obtendo sucesso com outros tipos de streamers e até camarões. Enfim, para tucunas inúmeras moscas podem ser efetivas.
|
Gafanhotões GO FLY #2, colocado uma pequena tira de EVA na cabeça pra dar maior volume a cabeça e poppar melhor. Foto: Leandro Vitorino. |
Como terrestriais,
já utilizei com efetividade até ratos, mas o meu xodó e super-apreciado pelos
tucunas é o Gafanhoto GO FLY atado em anzol #4 ou #2 (2XL ou 3XL). Vejo como
vantagens nesse gafanhotão a durabilidade, equilíbrio e a possibilidade de atrair o
tucunaré tanto por sua aparência realística quanto por poder ser trabalhado como
popper. Atualmente nem utilizo mais os poppers tradicionais. A tomada do azulão
no gafanhoto é bem empolgante, recomendo aos tucuneiros experimentá-lo. A receita do gafanhoto GO FLY e outras moscas efetiva para inúmeros outros peixes encontra-se disponível em nosso livro.
LIVRO GO FLY DE PESCA COM MOSCA:
À VENDA NAS FLYSHOPS BRASILEIRAS OU PELO WhatsApp: (62) 981177977 (tratar com Luiza). Tabelado em 120 reais, incluso frete e dedicatória.
ABRAÇOS!
FAMÍLIA GO FLY
Show! Ja estou aprimorando a minha técnica para pescarmos juntos de vadeo aqui na volta grande Leandro! Quem sabe não sai um azulão desses neh! Kkk
ResponderExcluirBlz Mermão!
ExcluirFim do ano Tamo aí!
Abs!
Leandro
Muito bom Leandro Parabéns!
ResponderExcluirValeu meu amigo!
ExcluirGrande Leandro,
ResponderExcluirLindíssimas fotos. Matéria contagiante. Parabéns seu site está uma delícia de olhar.
Mário
Agradeço as palavras amigo Mario Cardin!!
ExcluirSeja sempre bem
Vindo ao site/blog!
Forte abraço!
SHow!! Tucunaré azul é sem igual, saudade dessa pesca... ótima matéria.
ResponderExcluirBrigadao meu amigo!
ExcluirSensacional, como sempre!!!!
ResponderExcluirValeu Daniel!!
Excluir